O “buraco do tamanho da Suíça” que se abriu no gelo da Antártica é um fenômeno intrigante que chamou a atenção de cientistas e ambientalistas

O “buraco do tamanho da Suíça” que se abriu no gelo da Antártica é um fenômeno intrigante que chamou a atenção de cientistas e ambientalistas

24 de setembro de 2024 0 Por dicasdomoura

Após anos de pesquisa, os cientistas identificaram a causa do maior buraco formado no gelo da Antártida nos últimos 40 anos

imagem: Observatório da Terra da NASA

Desde 2016, pesquisadores de diversas partes do mundo têm investigado um enorme buraco do tamanho da Suíça que se formou de maneira inesperada no gelo do Mar de Weddell, na Antártida. Após oito anos de estudos, eles finalmente descobriram a causa desse fenômeno.

Maior buraco de gelo em 40 anos

Os pesquisadores afirmam que é comum a formação de buracos desse tipo no gelo marinho. Esse fenômeno é conhecido como polínia. Contudo, a abertura observada em 2016 foi a maior registrada nos últimos 40 anos. Inicialmente, meteorologistas atribuíram essa polínia extraordinariamente grande a uma combinação de condições oceânicas atípicas e a uma grande tempestade que atingiu a região. No entanto, uma nova equipe de pesquisa descobriu que havia mais fatores envolvidos do que se pensava anteriormente. As descobertas foram detalhadas em um estudo publicado na revista Science Advances.

Um novo estudo revela o que ocorreu.

No novo estudo, os cientistas investigaram por que a mesma região tem registrado tantas aberturas no gelo, enquanto em outras áreas isso não ocorre com a mesma frequência. As polínias mais recentes surgiram próximo ao pico da extensão do gelo marinho, no final do inverno ou início da primavera.

Uma parte da explicação para essa questão está em uma grande corrente circular chamada Giro de Weddell, que apresentou uma força excepcional entre 2015 e 2018. Esse fenômeno trouxe uma camada profunda de água salgada aquecida para a superfície.

Segundo os pesquisadores, isso pode explicar como o gelo marinho derreteu. No entanto, à medida que esse derretimento ocorre, ele resulta em um resfriamento da água na superfície, o que, por sua vez, deveria interromper esse processo.

Mudanças climáticas não foram a causa do fenômeno, mas têm impactos no cenário

Assim, os pesquisadores identificaram que deveria haver uma fonte adicional de sal em algum lugar. As evidências sugerem que isso ocorreu em redemoinhos turbulentos enquanto a corrente fluía sobre o Maud Rise, a cordilheira submarina que dá nome à polínia.

Embora as mudanças climáticas possam não ter sido a causa direta desse fenômeno, isso não significa que elas não tenham impactos relacionados. O gelo atua como uma barreira, bloqueando a transferência de energia entre o oceano e a atmosfera. Sua ausência aumenta essa troca, assim como a do dióxido de carbono.

No inverno antártico, há pouca luz solar para o mar aberto absorver, mas essa situação muda na primavera, quando a polínia pode levar a um aquecimento adicional. Dessa forma, esses buracos podem contribuir para o aumento das temperaturas globais.